QUALIDADES INDISPENSÁVEIS À IGREJA – Atos 19.21-41 até 20.1

INTRODUÇÃO: 

Viver o Evangelho de Jesus Cristo neste mundo é uma aventura. Mas pregá-lo deixa essa aventura mais emocionante e, à vezes, até perigosa. Por mais que a mensagem do Evangelho seja a de um Deus amoroso que, desejando restaurar a imagem de Deus manchada pelo pecado e novamente trazer o homem para junto de si, por meio do arrependimento e fé em Jesus Cristo, o filho de Deus e salvador de todo aquele que nele crê, sabemos que o Evangelho é confrontador. Para que mudanças de mentalidade ocorram, sempre haverá um confronto entre o pensamento mundanizado que ocupa a mente das pessoas e pensamento transformado pela Bíblia, que deve ocupar a mente dos crentes em Cristo. 

Nessa obra de pregação, vamos descobrindo que aquilo que Jesus dizia sobre os homens são uma realidade: “a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, e não querem vir para a luz”. Quando evangelizamos alguém percebemos essa resistência à mudanças de mente e de prática. Muitos querem a salvação, mas não querem abandonar as práticas erradas e pecaminosas, então resistem e não creem em Jesus, ou até o recebem como salvador e adentram as igrejas, mas vivem presos às práticas pecaminosas passadas. Vimos isso na semana passada, quando pessoas que haviam crido, ainda mantinham práticas de feitiçarias e um vasto material dessas práticas, como livros que possuíam grande valor. Mas também vimos que, conscientes de que a vida com Cristo deve ser levada a sério, aquelas pessoas queimaram esses livros e se libertaram de seus pecados por uma mudança de entendimento, de mente, conforme aprendemos com Paulo em Romanos 12.2. 

Nosso texto nos convida a refletir sobre a necessidade e urgência da pregação do evangelho, e nos os fatos narrados nos levam a pensar sobre 4 qualidades necessárias à igreja: Atos 19.21-41 até 20.1. vamos fazer a leitura do texto e vamos comentando a cada vez que as qualidades aparecerem. 

GRANDE IDEIA: A expansão do evangelho se dá por vontade, coragem, sabedoria e paciência. 

  1. VONTADE. 

21 Depois desses acontecimentos, Paulo resolveu passar pelas províncias da Macedônia e da Acaia e ir até Jerusalém. Ele dizia: —Depois que eu visitar Jerusalém, preciso ir a Roma. 

22 Então Paulo enviou para a Macedônia dois dos seus ajudantes, Timóteo e Erasto, mas ele ficou mais algum tempo na província da Ásia. 

Paulo pregou em Éfeso, na Escola de Tirano, por dois anos e, com isso, muita gente ouviu o Evangelho e creu em Cristo. Agora os versos 21 e 22 nos relatam que ele tem planos de passar novamente pela região da Macedônia e da Acaia, duas grandes províncias romanas, com muitas cidades. E ele ainda desejava ir à Jerusalém, e por fim, à Roma, a capital do império. Sim, para o apóstolo, todos precisavam ouvir de Jesus. Ele desejava pregar a todos. Havia uma marca que se destacava em Paulo – a vontade de pregar.  

Ele queria ajudar as pessoas a reconhecerem que Jesus é o Cristo prometido pelas Escrituras e que esse Cristo é o único salvador e Senhor, a quem todos deviam crer, fossem judeus ou gentios. Efésios, filipenses, coríntios, romanos, são apenas alguns moradores das muitas cidades e lugares por onde Paulo passou pregando o evangelho.  

O verso 22, afirma que antes de viajar até Jerusalém, ele enviou à macedônia, Timóteo e Erasto, talvez para levantar uma oferta e enviar para os cristãos necessitados de Jerusalém e, por meio disso, unir a igreja-mãe em Jerusalém com as demais igrejas espalhadas entre o mundo gentílico. 

VONTADE. Esse é o nosso primeiro destaque. Você somente falará de Jesus para alguém se tiver vontade. Pessoas serão evangelizadas por você quando você tiver vontade de falar com elas, aproveitando seu trabalho, estudo, redes sociais, contatos, encontros, enfim, todos os meios disponíveis. Ainda que estejamos em pandemia e ainda que tenhamos restrições, é fato. Temos contato com pessoas não crentes. E se você ainda não falou de Jesus a elas, é porque você ainda não teve vontade. Essa palavra vai definir sua vida cristã! 

Mas além da vontade, temos outra qualidade que se destaca no texto:  

  1. CORAGEM 

23 Foi nessa ocasião que houve na cidade de Éfeso uma grande desordem por causa do Caminho do Senhor. 

24 Um ourives chamado Demétrio fazia pequenos modelos de prata do templo da deusa Diana, e o seu negócio dava muito lucro aos que trabalhavam com ele. 

25 Então ele chamou estes e outros da mesma profissão e disse: —Meus amigos, vocês sabem que a nossa riqueza vem deste nosso ofício. 

26 Vocês mesmos podem ver e ouvir o que esse tal de Paulo está fazendo. Ele afirma que os deuses feitos por mãos humanas não são deuses de verdade. E está conseguindo convencer muita gente, tanto daqui como de quase toda a província da Ásia. 

27 Assim nós estamos correndo o perigo de ver o povo rejeitar o nosso negócio. E não é só isso. Existe o perigo de o templo da grande deusa Diana não ficar valendo mais nada e também de ser destruída a grandeza dessa deusa adorada por todos na Ásia e no mundo inteiro. 

28 Quando a multidão ouviu isso, ficou furiosa e começou a gritar: —Viva a grande Diana de Éfeso! 

29 E a confusão se espalhou por toda a cidade. A multidão agarrou Gaio e Aristarco, dois macedônios que viajavam com Paulo, e os arrastou até o teatro. 

30 Paulo queria falar ao povo, mas os irmãos não deixaram. 

Uma tremenda confusão se dá na cidade por causa da pregação do Evangelho. As pessoas estão enfurecidas, mas Paulo não tem medo de ir falar ao povo, embora tenha sido impedido. 

Satanás não fica satisfeito com a igreja que compartilha o evangelho. Nós somos o alvo deste mundo pecador movido pelo ódio do diabo contra Deus e seu povo, a igreja. Com o grande alcance do evangelho pregado por Paulo e pela igreja em Éfeso na escola de Tirano, as pessoas começaram a demonstrar mudanças. Elas abandonaram sua idolatria e feitiçarias. Elas queimaram livros caríssimos de feitiçaria em praça pública. O texto não diz, mas com certeza, abandonaram e destruíram suas imagens e souvenirs da deusa Diana. Agora os fabricantes de imagens e de miniaturas do templo de Diana estão zangados. Eram ricos vendendo aquelas peças, mas agora, com a conversão de muitos, estão vendo o negócio enfraquecer. A preocupação é financeira. Podemos comparar a vida da cidade de Éfeso como o que acontece em Aparecida do Norte. Uma cidade marcada pela religiosidade e pelo comercio religioso. Se as pessoas se convertem e não usam mais aquelas imagens, nem frequentam mais aquele templo, a cidade quebra financeiramente. 

Os cidadãos de Éfeso estavam muito impactados com o Evangelho e isso dava prejuízo aos que exploravam financeiramente a fé dos demais. No verso 26, vemos que era mesmo o evangelho, já que os ourives sabiam bem do que Paulo ensinava e resumiram na frase: “Ele afirma que os deuses feitos por mãos humanas não são deuses de verdade.”  Então, no verso 27, vemos que esses homens apontaram sua crise. O que Paulo ensinava traria dois riscos a eles: um ricos financeiro, com rejeição do negócio de imagens, gerando prejuízos e o risco religioso, com o povo crente desvalorizando o templo e a própria deusa Diana, por compreender que era uma religião falsa. 

Esse Demétrio e seus companheiros causaram um distúrbio na cidade, de modo que uma multidão sai às ruas movida pela sua religiosidade e cheia de fúria. Então eles arrastaram até ao teatro, que cabia umas 25 mil pessoas, os dois ajudantes de Paulo, Gaio e Aristarco. O que aconteceria a eles era imprevisível. Então Paulo, cheio de coragem, quis intervir. Paulo queria falar ao povo. Paulo não tinha medo de enfrentar a multidão raivosa e lhe anunciar mais uma vez a Palavra do Senhor, ainda que isso lhe trouxesse condenação à morte. 

Neste aspecto, preciso parar e perguntar, será que temos sido corajosos para enfrentar pessoas resistentes ao Evangelho e insistir para que creiam em Jesus como salvador? Coragem é um modo de agir imprescindível à igreja. Sem coragem, corremos o risco de viver na zona de conforto e não fazermos nada para o reino, senão aquilo que agrada a nós mesmos. Sem coragem para enfrentar o mundo pecaminoso e lhe anunciar, cheios de amor, o Evangelho de Jesus Cristo, como o recebemos nas escrituras, a igreja se torna inútil, pois se fecha no seu próprio mundinho de prazer pessoal.  

Que Deus nos mova a sermos corajosos. A enfrentarmos as dificuldades sem desânimo e a seguirmos firmes na fé que abraçamos, mesmo sob riscos diversos. Nossa esperança está no Senhor; nosso descanso é o céu! 

A terceira qualidade que merece destaque no texto é: 

  1. SABEDORIA 

30 Paulo queria falar ao povo, mas os irmãos não deixaram. 

31 Alguns altos funcionários daquela província, que eram amigos de Paulo, mandaram a ele um recado, pedindo que não fosse ao teatro. 

É importante destacar as ações dos irmãos em não permitir que Paulo fosse falar diante da multidão enfurecida. Embora Paulo não tivesse medo de estar no meio do povo e de lhe dirigir explicações ou mesmo continuar com a pregação do evangelho, fica evidente que enfrentar aquela multidão enfurecida seria algo muito arriscado.  

Amigos de Paulo, altos funcionários da província pediram que ele não fosse ao teatro e os irmãos não deixaram que ele fosse, talvez mesmo diante do pedido, movido por sua vontade e coragem, Paulo ainda assim desejasse estar lá, até porque, dois de seus companheiros haviam sido agarrados pelo povo. Mas a sabedoria falou mais alto. Era hora de ouvir os companheiros. Paulo poderia ter sido morto no meio daquele tumulto e isto não seria bom ao Evangelho, principalmente, pelo fato de que o missionário já estava de saída com planos de evangelizar outros locais. Seu trabalho em Éfeso havia sido concluído, agora era o momento de a igreja local agir e assumir os riscos inerentes ao evangelho. 

Irmãos, em muitos momentos precisamos decidir sobre o que fazer. E precisamos de irmãos e amigos que nos aconselhem biblicamente para tomemos as decisões acertadas. Como foi bom para Paulo ouvir conselhos e desistir do ato de bravura desnecessária naquele momento. Paulo foi poupado e Deus agiu também, poupando seus amigos. 

Nesse tempo de pandemia tivemos que tomar muitas decisões. Sou grato pelos irmãos e amigos de nossa igreja e suas opiniões e conselhos. Como, nos ensina a Bíblia, a multidão de conselheiros traz a sabedoria.  

Não deixe de agir na vida cristã, principalmente para servir a Cristo, mas sempre aja de acordo com a vontade de Deus e conselhos que possam ajuda-lo nesse serviço. 

  1. PACIENCIA. 

32 Naquela altura dos acontecimentos a multidão que se achava no teatro estava em completa desordem: uns gritavam uma coisa, e outros gritavam outra, pois a maioria nem sabia por que estava ali. 

33 Algumas pessoas ficaram pensando que Alexandre era o culpado, pois os judeus o obrigaram a ir e ficar lá na frente. Aí Alexandre fez um sinal com a mão e tentou falar para se defender diante do povo. 

34 Mas, quando perceberam que ele era judeu, ficaram gritando todos juntos a mesma coisa durante duas horas: —Viva a grande Diana de Éfeso! 

35 Finalmente o secretário da prefeitura da cidade conseguiu acalmar o povo. Ele disse o seguinte: —Cidadãos de Éfeso! Todos sabem que a nossa cidade é a guardadora do templo da grande Diana e da pedra sagrada que caiu do céu. 

36 Ninguém pode negar isso. Assim fiquem calmos e não façam nada sem pensar bem. 

37 Vocês trouxeram aqui estes homens, mas eles não assaltaram o templo, nem ofenderam a nossa deusa. 

38 Se Demétrio e os seus ajudantes têm alguma acusação contra alguém, eles podem apresentar suas acusações no tribunal, pois para isso há dias certos de reunião, e também existem os governadores. 

39 Porém, se vocês querem mais alguma coisa, isso será tratado na reunião do povo, convocada de acordo com a lei. 

40 Pois corremos o risco de sermos acusados de revolta, por causa do que está acontecendo hoje. Não há motivo para toda esta confusão. E nós não poderíamos justificar tudo isso. 

41 Depois de dizer essas palavras, ele terminou a reunião. 

At 20:1 Cessado o tumulto, Paulo mandou chamar os discípulos, e, tendo-os confortado, despediu-se, e partiu para a Macedônia. 

Os versos finais do texto nos relatam o tumulto. Uma multidão no teatro. Milhares de pessoas enfurecidas, algumas sem nem saber por que estavam ali. Um certo Alexandre é posto na frente pelos judeus. Talvez a intenção dos judeus que o empurraram para lá era dizer que eles, os judeus, também não apoiavam o que Paulo ensinava, isso para se livrar de acusações. Mas se essa foi a intenção, não deu certo. Ao saber que um judeu ia falar, o povo se enfureceu mais e as diferenças religiosas e nacionalistas se afloraram. Os judeus, que eram tolerados em Éfeso por causa de Roma, agora são atacados pelos efésios, que ficaram gritando: Grande é a Diana dos Efésios! E isso por quase duas horas. Imagine essa cena! 

Então um funcionário da prefeitura saiu para falar ao povo. Ele começa enaltecendo a religião do povo local, e os convida a não agirem de forma impensada. Esse escrivão da cidade consegue fazer a multidão pensar melhor e conseguiu trazê-los de volta à paz. Em seu discurso, destaca-se 3 afirmações, conforme destacas por Carlos Oswaldo Pinto: 

- Ele isenta o cristianismo das acusações de sacrilégio, pois não roubaram nada do templo, nem sequer haviam falado mal da deusa deles (19.35-36).  Isso dá abertura para que a Igreja continue seu trabalho na cidade Éfeso. 

- Ele dirige o protesto contra o cristianismo para seu foro legítimo, o sistema judicial romano (19.37-39). Se queriam processar a igreja, deviam fazer isso na justiça local, e não na rua. 

- Ele aponta para o perigo de uma acusação de sedição, que é uma perturbação da ordem pública e uma revolta contra as autoridades, no caso, as de Roma. (19.40-41). Pois se tentavam resolver uma questão legal com as próprias mãos, estavam assumindo que não respeitavam as leis romanas que estavam vigentes sobre eles. 

As palavras deste escrivão dispersaram a multidão.  

No capítulo 20.1 somos informados que Paulo partiu de Éfeso depois que o tumulto cessou. Aqui destaco a paciência de Paulo. Ele e os irmãos aguardaram o desenrolar dos fatos para agir. Pela graça de Deus, tudo acabou bem e ele pode viajar em segurança e deixando a igreja de Éfeso também em segurança. 

E se Paulo tivesse ido falar? Não podemos saber o que teria acontecido. A paciência aqui foi importante. 

Me lembro de um pastor amigo, no Tocantins que certa vez, falando sobre os problemas numa igreja local, disse: “As vezes sabemos de um problema, sabemos quem é o responsável pelo problema, sabemos como agir para resolver o problema, mas sabemos que não podemos resolver, pois não é o momento, é preciso ter paciência”. Paciência é uma virtude necessária. Paulo esperou o tempo de agir. Que Deus nos ajude a sermos pacientes e agir sempre conforme sua vontade. 

CONCLUSÃO. 

Vimos hoje que A expansão do evangelho se dá por vontade, coragem, sabedoria e paciência. Essas qualidades e virtudes são importantes na vida da igreja local para cumprir sua missão. Cada crente, individualmente, precisa exercer essas qualidades a fim de compartilhar sua fé com outros. Vontade para falar de Jesus, coragem para enfrentar dificuldades, sabedoria em ouvir conselhos e paciência para esperar os melhores momentos. 

Essas qualidades também são resultado de Cristo habitando nosso coração. Em Cristo nossa vontade é fazer a vontade de Deus, em Cristo recebemos o Espírito Santo que nos enche de coragem, não o espírito de covardia. Em Cristo encontramos toda sabedoria pelo Espírito Santo que nos faz lembrar das Escrituras, e o resultado do Espírito Santo na vida do crente é fazer frutificar amor, paz, paciência, bondade, alegria, domínio próprio. 

Deus fale ao seu coração e te convença que Cristo transforma sua vida. Creia em Jesus.

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