Os Evangélicos de hoje e a religião acostumada com o sagrado

Certo pregador disse que seu maior medo era “se acostumar com o sagrado”, pois isto o faria agir sem o devido respeito e sem o temor a Deus, tão importante para nosso relacionamento com o Senhor. De fato, estamos em tempos confusos, em que as práticas das igrejas tradicionais estão sendo questionadas fortemente e consideradas arcaicas, fundamentalistas, inúteis, entre outros adjetivos. Mas quando olhamos para as igrejas ditas “modernas”, “contextualizadas”, o que encontramos são grupos religiosos distanciados das Escrituras. Suas práticas não encontram base bíblica. Seus cultos, recheados de entretenimento, são focados no homem e nas suas necessidades e não em Cristo e sua glória, como nos ensina a Bíblia. Os evangélicos de hoje (e não me refiro aos que levam a Bíblia a sério) se ocupam de como podem se beneficiar das igrejas que frequentam. Estas, por sua vez, vendem seus produtos, oferecendo-os de forma midiática e competindo umas com as outras.

A realidade que vivemos, me fez voltar a atenção para o livro de Malaquias. Nele, o profeta nos retrata um momento da história de Israel em que o povo era religioso, praticando todos os rituais do templo, mas fazendo-o com indiferença. Os sacrifícios eram oferecidos, mas não havia cuidado se os animais eram puros e adequados, conforme prescrevia o Senhor, nos livros da Lei. Então, com uma forte e pesada advertência, Deus diz ao seu povo: “Quem dera houvesse entre vocês alguém que fechasse as portas do templo, para que não acendessem em vão o fogo do meu altar! Eu não tenho prazer em vocês, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei as suas ofertas” (Malaquias 1.10 NAA). Quando se olha para o que está acontecendo no meio “evangélico” da atualidade, temos a impressão de que a pesada advertência de Deus continua vívida e atual. Cultos estão sendo feitos, ofertas e dízimos entregues, louvores são oferecidos, mas ao se analisar o conteúdo do que é feito, percebe-se que tudo é relativizado. Preceitos e princípios bíblicos são vistos com indiferença. O que importa é a alegria e a diversão de quem cultua e não se Deus, o Senhor Soberano, está ou não, recebendo o que se oferece.

Cito o caso que vi numa igreja, naquelas típicas “noites de louvor”, em que se reunia grupos musicais de diversas igrejas da cidade. Um grupo de coreografia foi se apresentar, mas o CD com a música escolhida não “rodava” no aparelho da igreja. Uma moça da igreja local e alguns instrumentistas cantaram e tocaram improvisadamente a canção, para que o grupo de coreografia visitante pudesse cumprir a sua participação. Quando terminaram, algumas moças do tal grupo reclamaram que o “auditório” não os havia “aplaudido”. Infelizmente esta é a compreensão de muitos nas igrejas. Os templos viraram “Casas de Shows, de espetáculo”, onde ao final de cada apresentação, se espera o aplauso em confirmação à excelente performance dos que se apresentam”. Onde está a glória devida somente a Deus nestas ações?

Sinceramente, acredito que os evangélicos de hoje se acostumaram com o sagrado. Não consideram Cristo como Senhor e Salvador, na prática, embora o façam no discurso religioso. Referem-se a Cristo com o pronome inadequado “você”; tratam-no como aquele que deve estar sempre pronto para satisfazer desejos pessoais. Fazem parecer que aquilo que Jesus fez na cruz, o fez apenas porque o homem é alguém muito importante e que se Deus não o salvasse, estaria em grande prejuízo. Nestas horas, olho para Malaquias e penso que Deus continua buscando quem vai fechar os templos para que os cultos vãos não continuem acontecendo.

Não! Eu não quero fazer parte disso! Eu não quero ser um evangélico de hoje, acostumado com o sagrado, que não dá ao Senhor a glória devida ao seu nome! Eu não quero viver minha vida para mim mesmo! Eu não quero ouvir o Deus de toda glória dizendo: “Fechem o templo, pois a adoração que se faz aí é vã!” Eu quero e luto para que o Senhor seja glorificado conforme sua Palavra Santa me ensina. Em Espírito, em Verdade, com o coração contrito, ao qual ele não rejeita. Quero bater com as mãos em meu peito, reconhecendo meus pecados e falhas e, clamando pela sua misericórdia e graça, cumprir a missão que dele recebi – glorificar ao Senhor sobre todas as coisas, trabalhar pela edificação da sua igreja e fazer de tudo para que os perdidos incrédulos, conheçam a Jesus Cristo pessoalmente, se arrependam de seus pecados e creiam nele para salvação.

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