No dia 11 de maio de 2003 recebi a fatídica ligação de minhas irmãs me informando do falecimento do meu pai. Era o dia das mães de 2003. Eu havia tomado posse como Diretor do Seminário Teológico Batista do Tocantins em fevereiro daquele mesmo ano e estava frequentando, por causa do meu recente retorno à Araguaína – TO, a Quarta Igreja Batista de Araguaína. Lembro-me de haver chegado do culto da manhã em nossa igreja. O telefone tocou e por meio dele veio a notícia bombástica. Eu não sabia o que dizer nem o que fazer. No telefone, minha irmã me sugeria que viajasse para Itaperuna-RJ, a fim de me encontrar com minha mãe e com o restante da família.
Araguaína-TO fica a cerca de 2.500 km de distância de Itaperuna. Quase dois dias de ônibus. Garantidos 3 dias de carro (parando para dormir duas vezes). Cerca de 2 horas de avião. Mas, naquela data, o preço do vôo custava algo em torno dos 10 mil reais, dinheiro do qual eu não dispunha. Além disso, não havia vôo naquele dia, somente na madrugada do dia seguinte. Resultado, cheguei em Itaperuna 2 dias depois do sepultamento do meu pai. Não pude estar presente naquela ocasião.
Por algum tempo, como eu morava noutra cidade, achava que meu pai estava viajando ou coisa semelhante. Mas então me conscientizava de que, de fato, estava morto.
Mas há algumas coisas interessantes sobre esta parte da minha vida. No sábado anterior, 10 de maio de 2003, resolvi ligar para minha mãe e antecipar os parabéns pelo Dia das Mães. Minha motivação para este gesto era que, como pastor, envolvido em tantas atividades na igreja, provavelmente poderia me ocupar e me esquecer de fazer a tal ligação. Achei que seria melhor me antecipar, ainda que no dia seguinte eu ligasse novamente. Depois de conversar alguns minutos com minha mãe ela me disse que meu pai queria falar comigo, e passou o telefone para ele. Começamos a conversar. Ele me convidou para ser o pregador do seu aniversário de 50 anos de casamento (Bodas de Ouro) com a minha mãe. Falou-me de seus planos. Fiquei extremamente lisonjeado com o convite. Depois de algumas horas de conversa nos despedimos. Ele então me perguntou: “Você poderá vir?” Lembro-me de haver respondido: “Pai, quero muito estar aí. Se Deus permitir e nenhum impedimento acontecer, estaremos juntos, se Deus quiser!”
No dia seguinte meu pai estava morto! A história que ouvi é que ele foi à igreja que costumava frequentar. E, naquela manhã ministrou na Escola Biblica Dominical, ao que parece numa classe única. Enquanto falava, teve um infarto fulminante. Suas últimas palavras no púlpito foram “Minha graça te basta!”.
Deus realizou o sonho dele. Vivia dizendo que queria morrer pregando no púlpito e conseguiu!
Hoje me lembro com saudades do meu pai. Lembro-me dele lendo a Bíblia e escrevendo esboços de sermões. Sempre tinha um montão deles na sua Bíblia. Era uma forma de estar preparado para qualquer momento pregar, se fosse convidado ou se fosse necessário.
Gostava de contar piadas e histórias engraçadas. Eu me divertia muito com ele. Na última oportunidade que estivemos juntos me falaram que ele tinha tirado o bigode para fazer uma cirurgia. Eu nunca tinha visto meu pai sem bigode e disse isso a ele. Então, apenas para me agradar, ele apareceu na sala sem seu bigode. Dei-lhe um abraço apertado e sorrimos muito.
Meu pai me ensinava muitas coisas apenas brincando. Certa vez, citando as palavras de Jesus em Mateus 6, sobre não nos preocuparmos com o dia de amanhã, ele disse sua famosa frase: “quem esquenta a cabeça é palito de fósforo e morre queimado”.
Este era o meu pai. Um grande amigo! Alguém que me amou e a quem eu muito amei. Alguém que foi amado por Jesus e que com ele habita hoje no céu.
Louvo a Deus por ter tido o privilégio de ter meu pai sempre por perto. Como aprendi com ele. Hoje fica em meu coração, a responsabilidade de ser para meus filhos, pelo menos um pouquinho do que meu pai representou para mim.
Obrigado Senhor, pelo pai maravilhoso que eu tive, e que se chamava JOAQUIM TEIXEIRA DIAS.
A você que leu um pouquinho da minha vida, Feliz Dia dos Pais.
Pr. Joaquim José da Costa Dias
Filho de Joaquim Teixeira Dias e Izabel da Costa Dias (ambos já com o Senhor).