ATOS 9.26-31
26 E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
27 Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus.
28 E andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo,
29 E falava ousadamente no nome do Senhor Jesus. Falava e também disputava contra os gregos, mas eles procuravam matá-lo.
30 Sabendo-o, porém, os irmãos, o acompanharam até Cesareia, e o enviaram a Tarso.
31 Assim, pois, as igrejas em toda a Judeia, e Galileia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.
Grande ideia: A igreja cresce quando se mantém em comunhão, investe na edificação mútua e na pregação do Evangelho.
Introdução:
Meu filho mais novo está com 7 anos. Todas as manhãs, enquanto estou estudando, ele acorda e me procura. Vem até onde estou para me dar um abraço e um beijo. Como estou sentado ele sobe em minhas pernas para que eu o pegue no colo. Mas, confesso que a cada dia isso tá ficando mais difícil, porque ele está crescendo. Todos sabem que ele tem deficiências em virtude dos AVCs que sofreu, mas ainda assim está crescendo. Quando vejo fotos dele mais novinho, tão pequeno, tão fragilizado com suas enfermidades e o vejo agora, grande, ainda querendo colo, mas já capaz de subir sozinho na cadeira, percebo que as únicas coisas que fizemos para contribuir o crescimento dele tem sido oferecer a ele o alimento correto e cuidados. Seu crescimento não depende de esticá-lo, não é algo que eu possa fazer, seu crescimento é natural. Só depende de alimentação correta e cuidados para não adoecer.
Pensando nisso, me pego olhando para as comparações que a Bíblia faz da igreja, uma delas é que a igreja é o Corpo de Cristo, e como todo corpo, a igreja necessita de alimentação saudável e cuidados para não adoecer. Então olho para a igreja local, para nossa igreja. E a questão é, por que não crescemos? E temos duas questões para pensar: alimentação e cuidados. Cada crente individualmente precisa estar alimentado espiritualmente e precisa cuidar para que não adoeça espiritual. A doença espiritual, nesta ilustração, são as consequências do pecado; o alimento é o Evangelho, a Bíblia, a fé que nos mantém ligados e obedientes à Cristo e Sua Palavra.
Tendo por base os fatos relatados no texto de hoje, extraímos 3 marcas que devem existir na igreja:
- COMUNHÃO – CRIANDO AMBIENTE DE APOIO E ACEITAÇÃO
26 E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
27 Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus.
Todo salvo por Jesus tem consciência de sua missão – ir aonde estão as pessoas e compartilhar de Jesus a elas. Acontece que quando fazemos isso, podemos encontrar resistência. Nem todos querem reconhecer seus pecados e, menos ainda, a necessidade de arrependimento e de ter a Jesus como salvador. Paulo enfrentou essa resistência quando falava com as pessoas e ensinava sobre Jesus também nas sinagogas em Damasco. A pregação sobre Jesus pode ter efeitos dramáticos – uma comoção que leve ao arrependimento e salvação, ou uma rejeição que pode culminar em ódio a Cristo e a quem o prega.
Saulo fugiu de Damasco, descendo pela muralha da cidade, dentro de um cestão, ajudado por seus discípulos. Agora, de volta a Jerusalém, ele deseja se unir à igreja. Mas ninguém quer se encontrar com Paulo? Teria mesmo se convertido? Não seria uma estratégia para conhecer os discípulos e depois os prender, ou quem sabe até os matar? O temor era real e compreensível. Mas se Saulo era um crente em Cristo ele precisava fazer parte da igreja. Ele precisava conviver com outros irmãos em Jesus.
Deus conduz Barnabé para este trabalho. O texto não nos diz se Barnabé sabia das histórias da conversão de Saulo, por outros, ou pelo próprio Saulo. O fato é que Barnabé assumiu os riscos e, movido de seu amor cristão, abraçou a causa de Paulo e o apresentou aos apóstolos, contando que este Paulo era, agora, um servo de Jesus, e que já tinha uma marca importante, uma comprovação. Saulo já estava falando ousadamente o nome de Jesus.
Meus irmãos, Barnabé é um exemplo de que precisamos de irmãos dispostos a investir tempo para dar apoio a outros, principalmente, os novos crentes. Um novo convertido precisa ser ajudado a se enturmar, a conhecer a igreja, seus membros, sua missão, seus sonhos e planos, seu modo de vida. Uma igreja saudável não segrega ninguém, pelo contrário, une. Cada crente trabalha para tornar o outro aceito no grupo.
A igreja precisa de membros que facilitem a comunhão e aceitação das pessoas. E desta forma, quando a comunhão é uma realidade, a igreja impacta a sociedade, provando que Cristo está presente na convivência dos irmãos.
Barnabé assumiu os riscos da convivência com Saulo e de apresentá-lo à igreja. Somente um coração que compreendeu o grande amor de Jesus, demonstrado em seu sacrifício na cruz, compreende que deve arriscar por amor ao seu irmão. Jesus deu a sua vida por nós, morrendo na cruz em nosso lugar. Nós precisamos dar a nossa vida, investir na edificação e comunhão com outros irmãos, ajudando-os no que precisam, aconselhando-os a permanecerem firmes, fugindo do pecado e desfrutando da graça de Jesus.
- EFICAÇÃO MÚTUA – A CONVIVÊNCIA PRODUZINDO FRUTO
28 E andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo,
Paulo, tão logo fora apresentado aos apóstolos e aceito na igreja, começa a conviver com eles. O texto afirma, no verso 28, que “andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo”. A convivência que fortalece a fé, que compartilha ensino, que favorece a evangelização e comunhão da igreja, estava agora acontecendo.
Assim como Paulo ficou muitos dias em Damasco convivendo com os discípulos, sendo edificado, ensinado sobre Jesus e depois, ele mesmo, discipulando outras pessoas, trabalhando para que vidas fossem firmadas pela Palavra, a mesma situação está acontecendo em Jerusalém. A convivência com os apóstolos e, com certeza, com os demais irmãos, permite a Saulo obter os fundamentos da sua fé e o fortalece para o serviço e para a obra do ministério.
Entrar e sair, poderia ser aplicado a entrar e sair de Jerusalém, o que implica dizer uma convivência diária, contínua.
Inclusa na grande comissão dada a Igreja por Jesus em Mateus 28.19,20 está a ordem de ensinar os discípulos a guardarem todas as coisas que Jesus ordenou. E isso é feito no cotidiano. Um crente dedicado a Cristo, que diariamente ora ao Senhor e busca conhecimento em sua Palavra, deve se unir a outro crente e ambos levarem a efeito a edificação de suas vidas. Quando falamos de comunhão, não se deve ter em mente apenas estar juntos para momentos divertidos ou para comer juntos, mas para além disso, é preciso compreender que a comunhão entre crentes tem finalidade, a exaltação de Cristo, a edificação pessoal e salvação de um perdido.
Os momentos juntos nos colocam mais perto de Jesus, são motivadores para que cumpramos a nossa missão como igreja. Se você ainda não fez, procure uma pessoa para estar junto dela esta semana, para orar juntos e compartilhar sua fé com outros.
- EVANGELIZAÇÃO – VIVENDO A GRANDE COMISSÃO
29 E falava ousadamente no nome do Senhor Jesus. Falava e também disputava contra os gregos, mas eles procuravam matá-lo.
30 Sabendo-o, porém, os irmãos, o acompanharam até Cesareia, e o enviaram a Tarso.
31 Assim, pois, as igrejas em toda a Judeia, e Galileia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.
O resultado de Cristo na vida de Saulo encontrar comunhão e edificação com Igreja e ousadia para falar de Cristo. O verso 29, na versão que li, afirma que Paulo falava ousadamente no nome do Senhor Jesus. No verso 20 diz que Paulo pregava na sinagoga, a palavra no original traz a ideia de pregar como um arauto, um porta-voz, como fazem os pregadores no púlpito dos templos. Mas as palavras utilizadas nos versos 28 ou 29, traz a ideia de falar com coragem, de conversar com pessoas a respeito de Jesus. Aqui está a ideia de evangelização. De apresentar a Cristo para aqueles que ainda não o conhecem.
Paulo tentava convencer os judeus de Jerusalém que Jesus era o cristo, o messias prometido no Velho Testamento. Fazia o mesmo com os helenistas, ou os judeus de fala grega, mas, como Paulo no passado, estes são resistentes ao Evangelho e novamente querem matá-lo, e novamente Paulo tem que sair da cidade, voltando para Tarso, sua cidade natal.
Não duvide, irmãos, o Evangelho vivido e pregar como o poder de Deus para salvação de todo aquele que nele crê, causa rejeição, reações adversas, em pessoas pecadoras que não desejam abandonar seus pecados e crer no salvador. Somos cidadãos de um reino espiritual, não devemos esperar que este mundo aceite nossos conceitos e valores. Viveremos sempre com respeito para com todos, mas devemos ainda assim, compartilhar a salvação que recebemos, ainda que isso coloque em risco as nossas vidas, pois não podemos deixar de falar daquele que nos confiou essa missão, Jesus Cristo.
CONCLUSÃO
Nosso texto termina com mais um relatório do progresso da igreja. O verso 31 diz: “31 Assim, pois, as igrejas em toda a Judeia, e Galileia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.” A paz foi conseguida pela ausência da perseguição liderada por Paulo, pois este agora fazia parte da igreja de Jesus. A edificação continuava com os irmãos convivendo uns com os outros, trocando seus conhecimentos da Bíblia, aconselhando e ajudando uns aos outros. Todos falavam de Cristo. Todos compartilhavam sua fé em Jesus, ainda que isso gerasse rejeição e fosse um risco à vida. Viver Cristo e viver para Cristo era mais importante que sucesso pessoal ou proteção à vida. Paulo afirmou esse pensamento em Atos 20.24 quando se despedia dos líderes da igreja em Éfeso. “Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.” (Atos 20:24)
Crentes edificados em Cristo são testemunhas fiéis do evangelho. E, exatamente por isso, a igreja que tinha irmãos convivendo em harmonia, edificando uns aos outros, era uma igreja que crescia, se multiplicava, por que falavam de Cristo.
A razão de tudo isso está na parte final do verso 31. “andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo”. Andando significa que faz isso com frequencia, faz parte do cotidiano. Que você, como crente, viva diariamente no temor do Senhor e na consolação do Espírito. Vivendo e servindo sua igreja, e falando de Jesus a todos que encontrar.
A você que não é um salvo, compreenda que nossa luta como igreja é tentar, de todas as formas, viver uma vida que agrade ao Senhor e que cumpra sua vontade, para que você tenha um exemplo do que seja viver com Jesus, e compartilhar com você sobre o sacrifício de Jesus, sua morte e ressurreição, sua necessidade de arrependimento e sua entrega de vida a Cristo.
Deus nos abençoe.