ATOS 13.13-43 | OS FUNDAMENTOS DO EVANGELHO

OS FUNDAMENTOS DO EVANGELHO 

Atos 13.13-43 

Grande Ideia: O Evangelho demanda compreensão da história e da mensagem da salvação e exige uma decisão por meio da fé. 

 INTRODUÇÃO: 

Quando eu era garoto (faz tempo!), me lembro de um “corinho” que sempre cantávamos nos cultos, cuja letra dizia assim: “vem com Josué lutar em Jericó, Jericó, Jericó (bis) e as muralhas ruirão! Suba os montes devagar, que o Senhor vai guerrear, cerquem os muros para mim, pois Jericó chegou ao fim”. 

Agora imaginem um incrédulo ou mesmo um crente fraco, sem muito contato com as Escrituras. O que esse cântico poderia lhe falar ao coração? Penso que a resposta é – nada! Sem conhecimento bíblico do episódio que este cântico está se referindo, o ouvinte não terá nenhum proveito, a não ser entreter-se com a melodia e os arranjos instrumentais alegres. No texto de hoje, temos o primeiro sermão de Paulo em Antioquia da Pisídia, numa região conhecida como, Província da Galácia, um lugar onde havia judeus, mas cuja maioria da população era gentia.  Essa gente precisava conhecer toda a história, desde início para compreender a mensagem de salvação. 

Vamos ler o texto bíblico, intercalando com algumas reflexões que faremos: 

13 De Pafos, Paulo e seus companheiros navegaram para Perge, na Panfília. João os deixou ali e voltou para Jerusalém. 

Contextualizando a passagem, devemos nos lembrar que Paulo, Barnabé e João Marcos estavam na ilha de Chipre. Essa era a terra natal de Barnabé. Eles estiveram em Pafos, a capital de Chipre e o governador Sérgio Paulo (procônsul) havia se convertido a Cristo. Agora eles saíram de Pafos e fizeram uma viagem de barco até Perge da Panfília. (ver o Mapa). Nesta cidade, João Marcos, que era primo ou sobrinho de Barnabé, deixou Paulo e Barnabé e voltou para casa. O texto não diz o motivo, mas seja qual for, Paulo no capítulo 15.36 em diante, considerou que João Marcos não deveria continuar na sua equipe missionária. Vamos seguir no texto bíblico: 

14 De Perge prosseguiram até Antioquia da Pisídia.  

De Perge, eles viajaram mais 160 km até Antioquia da Pisídia, uma cidade em região serrana, cerca de 1200 metros de altitude, e que ficava na famosa Estrada Romana que cobria toda a região do império romano, na região da Ásia Menor, hoje a região da Turquia. Hernandes Dias Lopes, nos lembra que essa é a região da Galácia, e Paulo mais tarde escreve a Carta aos Gálatas, ou seja, aos moradores desta e de outras cidades da região, e Paulo menciona em Gl 4.13, que foi por causa de enfermidade que ele lhes pregou o Evangelho pela primeira vez. Talvez tenha sido essa a enfermidade que Paulo chamou de “espinho na carne” em 2 Coríntios 12.7,8. O mesmo autor ainda afirma que a tradição mais antiga afirma que Paulo sofria de enxaquecas resultado de febre malária que Paulo contraiu na região pantanosa da Ásia Menor. E que Paulo fez todas essas viagens pelas montanhas, mesmo estando enfermo. Tudo por causa do Evangelho. 

Agora em Antioquia da Psídia, Paulo fez seu primeiro sermão naquela região, e neste sermão, ele revela as bases para a pregação do Evangelho.  

São 3 os fundamentos: 

  1. A CORRETA COMPREENSÃO DA HISTÓRIA BÍBLICA. 

14 (B). No sábado, entraram na sinagoga e se assentaram. 

15 Depois da leitura da Lei e dos Profetas, os chefes da sinagoga lhes mandaram dizer: “Irmãos, se vocês têm uma mensagem de encorajamento para o povo, falem”. 

16 Pondo-se de pé, Paulo fez sinal com a mão e disse: “Israelitas e gentios que temem a Deus, ouçam-me! 

17 O Deus do povo de Israel escolheu nossos antepassados, e exaltou o povo durante a sua permanência no Egito; com grande poder os fez sair daquele país 

18 e os aturou no deserto durante cerca de quarenta anos. 

19 Ele destruiu sete nações em Canaã e deu a terra delas como herança ao seu povo. 

20 Tudo isso levou cerca de quatrocentos e cinquenta anos. “Depois disso, ele lhes deu juízes até o tempo do profeta Samuel. 

21 Então o povo pediu um rei, e Deus lhes deu Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, que reinou quarenta anos. 

22 Depois de rejeitar Saul, levantou-lhes Davi como rei, sobre quem testemunhou: ‘Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração; ele fará tudo o que for da minha vontade’. 

23 “Da descendência desse homem Deus trouxe a Israel o Salvador Jesus, como prometera. 

24 Antes da vinda de Jesus, João pregou um batismo de arrependimento para todo o povo de Israel. 

25 Quando estava completando sua carreira, João disse: ‘Quem vocês pensam que eu sou? Não sou quem vocês pensam. Mas eis que vem depois de mim aquele cujas sandálias não sou digno nem de desamarrar’. 

Não consegui comprovar minha teoria, mas parece que as reuniões da sinagoga naquele tempo só aconteciam nos sábados. Paulo e Barnabé aproveitavam as sinagogas para fazer sua evangelização, pois ali já havia pessoas tementes a Deus e com algum conhecimento bíblico. Parece que havia o costume de permitir que as pessoas comentassem o texto bíblico lido. Paulo aproveitou esse costume para falar aos presentes. A primeira parte do sermão de Paulo foi trazer à memória os fatos históricos de Israel desde os tempos da escravidão no Egito. Paulo afirma que Deus, com grande poder exaltou o povo e o livrou do Egito, aturou os pecados do povo e sua rebeldia nos anos do deserto, destruiu 7 nações em Canaã para dar as terras delas ao povo de Israel, algo que levou em torno de 450 anos. Depois lhes deus juízes e por fim, quando o povo pedia um rei, Deus lhes deu Saul e depois dele, Davi, a quem chamou de homem segundo seu coração, porque faria a sua vontade. Observem que este assunto estava muito vivo numa congregação acostumada à leitura das Escrituras todos os sábados. Observe também que Paulo destaca que nem sempre o povo foi leal a Deus, pois se rebelaram com ele em vários momentos. 

Saul, o primeiro rei, não fez as coisas corretas como Deus havia orientado e foi rejeitado por Deus e substituído por Davi. E por causa da sua disposição em arrepender-se de seus erros e voltar para o cumprimento da vontade de Deus, Deus chamou de Davi de “homem segundo o seu coração”; E lhe prometeu que um descendente dele teria um reino eterno e que seria o salvador. Jesus era o messias, o salvador prometido. 

Paulo encerra essa primeira parte da história, mostrando que João, o Batista, pregou um batismo para o arrependimento, preparando o caminho para o ministério de Jesus e o apresentando como o salvador. Foi João Batista que afirmou que Jesus era “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. 

Entender que Deus escolheu um povo na história, a fim de poder revelar sua pessoa, seu nome, sua grandeza e poder; revela suas leis, sua vontade; mostrar como o homem é pecador e distanciado de Deus por isso e, portanto, carente de alguém que lhe salve, já que ele não pode salvar a si mesmo, este é o caminho importante para a pregação do Evangelho. Sabemos o que é pecado, porque Deus se revelou a si e à sua vontade ao povo judeu. Temos isso registrado na Bíblia. E por este mesmo livro, sabemos a nossa necessidade de salvação, por que o pecado nos afasta de Deus e nos leva à condenação. Ainda bem que Jesus veio para nos livrar dessa condenação.  

E tudo começa com o arrependimento dos nossos pecados. 

Mas o texto continua e nos apresenta outro fundamento do Evangelho. 

  1. A COMPREENSÃO DA MENSAGEM DO EVANGELHO  

26 “Irmãos, filhos de Abraão, e gentios que temem a Deus, a nós foi enviada esta mensagem de salvação. 

Observem que há uma mudança de foco. O que antes era falando sobre eles do passado até João, agora Paulo muda o foco para si mesmo e os presentes. A mensagem de salvação foi enviada a nós, afirmou Paulo aos presentes.  

O texto continua: 

27 O povo de Jerusalém e seus governantes não reconheceram Jesus, mas, ao condená-lo, cumpriram as palavras dos profetas, que são lidas todos os sábados. 

28 Mesmo não achando motivo legal para uma sentença de morte, pediram a Pilatos que o mandasse executar. 

29 Tendo cumprido tudo o que estava escrito a respeito dele, tiraram-no do madeiro e o colocaram num sepulcro. 

Paulo partiu da história passada para afirmar que Jesus é o messias, o salvador. Mas que o povo judeu não reconheceu Jesus deste modo. No entanto, ao condenar Jesus e promover a sua morte na cruz, os judeus cumpriram o que estava escrito no Velho Testamento, ou seja, as profecias a respeito do messias agora estavam acontecendo e eles não percebiam que participavam do cumprimento delas. Eles mataram a Jesus que foi sepultado, tudo conforme as Escrituras. Mas vejam o texto: 

30 Mas Deus o ressuscitou dos mortos, 

31 e, por muitos dias, foi visto por aqueles que tinham ido com ele da Galiléia para Jerusalém. Eles agora são testemunhas dele para o povo. 

32 “Nós lhes anunciamos as boas novas: o que Deus prometeu a nossos antepassados 

33 ele cumpriu para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus, como está escrito no Salmo segundo: ‘Tu és meu filho; eu hoje te gerei’. 

34 O fato de que Deus o ressuscitou dos mortos, para que nunca entrasse em decomposição, é declarado nestas palavras: ‘Eu lhes dou as santas e fiéis bênçãos prometidas a Davi’. 

35 Assim ele diz noutra passagem: ‘Não permitirás que o teu Santo sofra decomposição’. 

36 “Tendo, pois, Davi servido ao propósito de Deus em sua geração, adormeceu, foi sepultado com os seus antepassados e seu corpo se decompôs. 

37 Mas aquele a quem Deus ressuscitou não sofreu decomposição. 

Paulo esclarece os judeus e gentios tementes a Deus que estavam lhe ouvindo na sinagoga, para o fato da ressurreição dos mortos, confirmado pelas pessoas que viram Jesus vivo e se tornaram testemunhas da ressurreição, que esse fato também era cumprimento das profecias.  

O Evangelho, as boas-novas, segundo Paulo, se baseiam neste episódio da morte e ressurreição de Jesus em cumprimento ao plano estabelecido por Deus de que o sacrifício único servisse para salvar a todo aquele que, arrependido, crê em Jesus.  

Paulo cita textos do Velho Testamento, a Bíblia da época, para confirmar sua exposição. A promessa da ressurreição, segundo Paulo, estava lá, no Salmo 2.7, citado no verso 33 “Tu és meu filho, eu hoje te gerei”; No verso 34 e 35, Paulo citou Isaías 55:3, e também Salmo 16.10 para provar que o texto não ressurreição não se aplicava a Davi, que morreu e seu corpo se decompôs, mas ao seu descendente, Jesus Cristo, que foi morto conforme as Escrituras e que ressuscitou conforme as Escrituras. 

Paulo então afirma que aquele a quem Deus ressuscitou não sofreu decomposição.  

Meus irmãos, a nossa fé está firmada na realidade da morte de Jesus substituindo a nossa morte, e pagando o preço de nossos pecados; bem como sua ressurreição, garantindo a nós a vida eterna, a salvação. O Evangelho precisa destas duas bases. 

Há pessoas distorcendo o Evangelho na atualidade. Há pessoas prometendo soluções mágicas, usando técnicas de psicologia e fomentando a mudança de comportamento e chamando isso de conversão. Mas o Evangelho não se baseia em mudança de comportamento. O Evangelho é Cristo! O Evangelho é a morte e ressurreição de Cristo em meu lugar, para salvar alguém, que, por mais que tente fazer algo bom, não acerta 100% e precisa de salvação. 

Mudanças de comportamento são úteis para a vida, mas não salvam. O Cristo ressurreto é quem nos salva do pecado e de nossa falsa fé. 

E o que faremos diante desta realidade do Evangelho? O texto responde, e é o nosso terceiro fundamento: 

  1. UMA TOMADA DE DECISÃO POR MEIO DA FÉ 

38 “Portanto, meus irmãos, quero que saibam que mediante Jesus lhes é proclamado o perdão dos pecados. 

39 Por meio dele, todo aquele que crê é justificado de todas as coisas das quais não podiam ser justificados pela lei de Moisés. 

40 Cuidem para que não lhes aconteça o que disseram os profetas: 

41 ‘Olhem, escarnecedores, admirem-se e pereçam; pois nos dias de vocês farei algo que vocês jamais creriam se alguém lhes contasse! ’” 

42 Quando Paulo e Barnabé estavam saindo da sinagoga, o povo os convidou a falar mais a respeito dessas coisas no sábado seguinte. 

43 Despedida a congregação, muitos dos judeus e estrangeiros piedosos convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Estes conversavam com eles, recomendando-lhes que continuassem na graça de Deus. 

O perdão dos pecados somente é possível por meio de Jesus e só é alcançado por meio da fé. É preciso crer em Jesus para que o homem pecador seja justificado. Apesar de terem a Lei de Deus, registrada nos livros de Moisés, saber o que Deus deseja não era suficiente para perdoar os pecados. A Lei mostrava as atitudes aprovadas por Deus que todo homem devia viver, mas também deixava claro que o homem não conseguia acertar em tudo, tornando-se assim transgressor da lei, pecador; tendo, portanto, necessidade de alguém que o salvasse – esse alguém é Jesus. Por meio de Cristo, o salvo recebe de Deus o perdão e a declaração de que agora está livre de condenação, está justificado, seu pecado foi pago na cruz. 

Paulo encerra o sermão fazendo um alerta: 40 Cuidem para que não lhes aconteça o que disseram os profetas: 41 ‘Olhem, escarnecedores, admirem-se e pereçam; pois nos dias de vocês farei algo que vocês jamais creriam se alguém lhes contasse! ’” 

Como afirmou Wiersbe: “Paulo encerrou sua mensagem com uma advertência de Habacuque 1:5 (ver também Is 29:14). No tempo de Habacuque, a “obra tal” que Deus realizava era levantar os caldeus para disciplinar seu povo, obra tão extraordinária que ninguém acreditaria nela. Afinal, por que Deus usaria uma nação pagã perversa para castigar o próprio povo escolhido, por mais pecador que fosse? Deus usava gentios para castigar judeus! Mas a ”obra tal” do tempo de Paulo era que Deus usava judeus para salvar gentios!” 1 

CONCLUSÃO: 

Os versos finais nos revelam que diante dos fundamentos do Evangelho, os homens ficaram desejosos de ouvir mais e mais sobre Jesus e que Paulo e Barnabé insistia para que eles permanecessem na graça, o que indica que seja possível que alguns deles haviam crido em Jesus. 

Aqui há duas aplicações claras e diretas. 

1º. Nós crentes, que amamos o Senhor, precisamos pregar o Evangelho puro e simples das Escrituras a todos que conhecemos, mostrando um entendimento correto da história, do próprio Evangelho, que incluirá a morte e ressurreição de Jesus.  Precisamos anunciar o Evangelho todo, e o evangelho bíblico, verdadeiro, não a autoajuda psicológica disfarçada de Evangelho. Pois não é a mudança de comportamento que salva, nem é o sucesso profissional e financeiro, mas Cristo, crucificado e ressurreto e um coração contrito, arrependido e rendido a ele. 

2º Diante dos fundamentos do evangelho é preciso tomar decisão. E a decisão é; arrependa-se e creia em Jesus. 

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