AS ESCOLHAS DE UM PACIFICADOR – Atos 21.16-26

ATOS 21.16-26 

16 E foram também conosco alguns discípulos de Cesareia, levando consigo um certo Mnasom, cíprio, discípulo antigo, com quem havíamos de hospedar-nos. 

17 E, logo que chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de muito boa vontade. 

18 E no dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali. 

19 E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios. 

20 E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creem, e todos são zeladores da lei. 

21 E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei. 

22 Que faremos pois? em todo o caso é necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo. 

23 Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto. 

24 Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a lei. 

25 Todavia, quanto aos que creem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da fornicação. 

26 Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta. 

Grande ideia: O servo de Cristo se esforça para fortalecer a comunhão, trabalhar para glorificar a Deus e renunciar ao que não é essencial à fé para promover a paz. 

Introdução: 

Em sua carta aos Romanos 12.18, Paulo escreveu: “no que depender de vós, tende paz com todos os homens”. Aqui nesta passagem que registra sua chegada à cidade de Jerusalém, Paulo nos dá evidências de que vivia o que ensinava. Ele fazia de tudo para estar em comunhão, glorificar a Deus e renunciando coisas não essenciais, para que pudesse promover a paz na igreja. Nesta oportunidade, convido você a pensar comigo sobre essas 3 atitudes. 

  1. O SERVO DE CRISTO SE ESFORÇA PARA FORTALECER A COMUNHÃO COM A IGREJA. 

16 E foram também conosco alguns discípulos de Cesareia, levando consigo um certo Mnasom, cíprio, discípulo antigo, com quem havíamos de hospedar-nos. 

17 E, logo que chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de muito boa vontade. 

Paulo está chegando em Jerusalém para a festa do pentecostes, depois d em muitas dificuldades e despedidas, consciente de que coisas difíceis lhe aguardam na cidade, embora ele não o que serão nem quando acontecerão. Junto com o apóstolo está um discípulo antigo de Jesus, homem hospitaleiro que receberia Paulo e sua equipe na casa dele. Ao chegarem na cidade, irmãos o receberam com carinho. Quem são esses irmãos? Não sabemos, o texto não nos diz. Mas até aqui há dois destaques. 

Em primeiro lugar, destacamos a amizade e cuidado de Mnasom, que tendo condições, ofereceu sua casa para hospedar a equipe missionária. A fé cristã transforma corações difíceis em pessoas hospitaleiras, amigas, cordiais. A maioria de nós já teve o privilégio de hospedar outros irmãos em Cristo em suas casas e, tenho certeza, a experiência é maravilhosa. É um tempo de amizade, de gratidão, de conversas boas. Mesmo quem não tem condições de hospedar alguém em sua casa, quando é um convertido, é aquele que ajuda, que participa para que as pessoas se sintam bem. 

O segundo destaque são os irmãos em Jerusalém. Eles receberam a Paulo e a equipe missionária com carinho e amizade. Essa atitude desses irmãos fortalecem a comunhão. Assim deve ser a igreja pela qual Cristo morreu. Gente simples, de coração puro, capaz de fortalecer relacionamentos, recebendo e sendo bênção na vida uns dos outros.  

Nossas atitudes, como crente, devem ser de um esforço pessoal para que a comunhão entre os crentes prevaleça. Afinal, a nossa comunhão é um forte testemunho aos não cristãos da presença e poder de Cristo em nossas vidas. 

  1. O SERVO DE CRISTO SE ESFORÇA PARA QUE A IGREJA GLORIFIQUE A DEUS COM SUAS AÇÕES. 

18 E no dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali. 

19 E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios. 

20 E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creem, e todos são zeladores da lei. 

O primeiro contato com alguns irmãos em Jerusalém foi de alegria e muita comunhão, mas ele passou. No dia seguinte, Paulo e seus amigos se encontram com Tiago e os demais presbíteros da igreja em Jerusalém. (ancião = presbítero = pastor). Em Jerusalém havia muitos irmãos e a igreja tinha uma grande liderança.  

Paulo começou a contar detalhadamente suas viagens missionárias, as coisas que lhe aconteceram e as igrejas plantadas em várias cidades gentias. Posso imaginar Paulo falando da pregação do Evangelho, e de como os gentios estavam se convertendo em grande quantidade, bem como muitos judeus, em todos os lugares por onde eles haviam passado nos últimos anos.  

Destacamos aqui o fato de a igreja amar tanto a Cristo que se interessou, com alegria, saber das informações de outras vidas sendo salvas. Infelizmente, muita gente nas igrejas está buscando apenas seus interesses, querem curas, querem bens materiais, querem ficar ricas, e querem tudo isso sem viver em obediência a Cristo. Mas o servo de Cristo e a igreja verdadeira, tem sua alegria na pregação do evangelho e na colheita de vidas salvas por Cristo. 

O relatório daquelas atividades missionárias encheu o coração dos irmãos de alegria e eles começaram a glorificar ao Senhor. Aqui há algo que merece ser destacado. Paulo poderia ter exaltado a si mesmo com pregador e missionário, no entanto, suas palavras e ações conduziram a igreja ao louvor a Deus. A glória de Deus não foi desviada. Paulo e seus amigos não tomaram o lugar de Jesus, eles não buscavam aplausos, o alvo era glorificar ao Senhor, exaltá-lo pela salvação ocorrida no coração, afinal o que salva e transforma pessoas não é o que nós fazemos, mas a obra de Cristo na cruz e a ação do Espírito Santo nos corações, quando a pura e verdadeira palavra de Deus é pregada.  

O trabalho do crente, como divulgador do evangelho, como evangelista pessoal ou mesmo como pregador num púlpito é conduzir as pessoas até Jesus. É Cristo quem deve ser honrado, glorificado, adorado, obedecido, seguido. O alvo é que as pessoas reconheçam seus pecados, arrependam-se deles e creiam em Jesus, vivam para Jesus, amem a Jesus! 

  1. O SERVO DE CRISTO SE ESFORÇA PARA SUBMETER-SE À PRÁTICAS NÃO ESSENCIAIS À FÉ, A FIM DE PROMOVER A PAZ NA IGREJA. 

20 E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creem, e todos são zeladores da lei. 

21 E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei. 

22 Que faremos pois? em todo o caso é necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo. 

23 Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto. 

24 Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a lei. 

25 Todavia, quanto aos que creem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da fornicação. 

26 Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta. 

Após ouvirem os relatos das viagens missionárias e glorificarem ao Senhor, Tiago e os demais pastores de Jerusalém começaram a contar a Paulo o que estava acontecendo em Jerusalém.  

Em primeiro lugar, eles informaram a Paulo que a igreja já era algumas dezenas de milhares de discípulos de Cristo. A palavra traduzida por milhares ou miríades em algumas versões, no original significa 10 mil ou um número ilimitado. Mas a formação dessa igreja em Jerusalém era, quase que exclusivamente de judeus, e a pastores afirmam que todos eles eram zelosos da lei (lei judaica – mandamentos, ritos, templo etc). 

De alguma maneira, havia boatos sobre Paulo e o conteúdo do que ele pregava. E os irmãos ali acreditaram nos boatos. As acusações eram que ensinava todos os judeus que estão entre os gentios “a apartarem-se de Moisés” e dizendo que não deviam circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei. A circuncisão era o sinal físico da aliança entre Israel e Deus. Ela foi dada exigida por Deus ainda no tempo de Abraão. Mesmo após a conversão, um grande grupo de judeus considerava que para alguém ser salvo era preciso crer em Jesus e ser circuncidado, ou seja, também deviam abraçar a religião judaica, se tornar um judeu. Esse grupo eram o que chamamos de judaizantes.  

Os líderes propuseram a Paulo que pagasse as despesas de 4 homens que havia feito voto (Em Nm 6 encontramos toda a descrição desse voto. Durante o tempo do voto, a pessoa não podia tomar bebidas fortes e nada que derivasse da uva; não podia cortar o cabelo, mas, no fim do voto deveria raspar todo o cabelo e queimá-lo junto com o sacrifício (um cordeiro, uma ovelha e um carneiro). Não podia também tocar em nenhum cadáver. Essas e outras exigências deveriam ser observadas, Paulo portanto, pagaria as despesas para o sacrifício), e, ele mesmo também devia se santificar (ritualmente no templo), junto com eles. Isso mostraria aos irmãos judeus que Paulo não agia contrário a lei judaica. Quanto aos irmãos gentios que estavam com Paulo eles disseram: 25 “(…) já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da fornicação”. Estes irmãos de Jerusalém sabiam que a salvação era apenas pela graça, pelo sacrifício definitivo de Jesus na cruz, no entanto, ainda faziam sacrifícios pelos pecados no templo. Ainda havia muita coisa para ser mudada em seus corações. Na verdade, a história  

Vai registrar que as práticas rituais do povo judeu, acabou no ano 70, depois de Cristo, quando Jerusalém e o templo foram destruídos pelos romanos. 

Paulo poderia discutir com os irmãos, poderia fazê-los lembrar que todos os pecados foram perdoados no sacrifício perfeito de Jesus na cruz. No entanto, santificar-se a Deus no templo, cumprir rituais de seu povo, todos prescritos pelo próprio Deus no Velho Testamento para os judeus, eram questões não essenciais à fé. Nesse momento, entendemos melhor quando Paulo escreveu 1 Coríntios 9:19-22 dizendo: “Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns”. 

No entanto, no verso 26, Paulo fez o que pediram. Santificou-se ritualmente e ainda pagou as despesas do sacrifício dos que estavam cumprindo seus votos.  

Paulo nos ensina que há coisas que não são essenciais à fé. Elas podem ser ou não abolidas, pois não interferem na mensagem do Evangelho. Com certeza se os irmãos judeus dissessem este ato era para a salvação de alguém, Paulo não concordaria.  

Paulo nos dá grande lição. Visando a paz na igreja, ele aceita fazer algo que, já considerava desnecessário; mas que também não o faria romper com o Evangelho. Seu alvo, como sempre, era manter a paz com todos, no que dependesse dele, e ainda, por todos os meios, ajudar na salvação dos perdidos.  

Paulo é um exemplo daquela frase que sempre repetimos por aqui: Nossas ações devem glorificar a Deus, edificar a igreja e salvar o perdido. 

Conclusão: 

O servo de Cristo se esforça para fortalecer a comunhão, trabalhar para glorificar a Deus e renunciar ao que não é essencial à fé para promover a paz. 

Seja hospitaleiro, gentil, demonstre amor às pessoas em palavras e ações, visando manter a comunhão na igreja. 

Faça tudo que Deus nos manda fazer na vida visando glorificar a Cristo. Que Ele cresça na sua vida e que você diminua. Não sirva a Deus por aplausos, sirva-o para que Cristo seja exaltado através de sua vida. 

Por fim, promova a paz. E se você pode renunciar a algo para beneficiar sua igreja, faça-o. Bem-aventurados são os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus. Mateus 5.9 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *